Blog

Notícias >

Blog

Notícias >

Blog

Notícias >

14h00

Falta de normas específicas à aplicação da LGPD na relação de emprego coloca em risco empresas e empreendedores

Compartilhe
Tamanho do Texto

O efeito da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) sobre as relações de emprego já alcança o nível processual, e o que se percebe é que a LGPD passou a exigir do empregador o dever de coleta, armazenamento, cuidado e posterior eliminação dos dados pessoais oriundos desta complexa relação sem, contudo, trazer o amparo normativo especial necessário. A partir das obrigações e deveres firmados entre empregado e empregador, recai a reflexão sobre a necessidade de uma norma regulamentando a aplicação da LGPD aos vínculos empregatícios, proporcionando, assim, segurança jurídica quanto ao tratamento de dados pessoais realizados na relação de emprego. Temos como exemplo o Termo de Consentimento, que tem tido a sua validade questionada e fragilizada diante do desequilíbrio contratual existente na relação empregatícia. Hipoteticamente, isso traria dúvidas se fornecimento da vontade teria ocorrido de forma livre e desimpedida por parte do empregado.


Do mesmo modo, o compartilhamento de dados com empresas terceirizadas para pagamento da folha mensal deixa de ser um ato rotineiro e passa a exigir forte e contínuo monitoramento quanto à idoneidade das empresas contratadas para este fim, ante a possibilidade de responsabilização do empregador por possível vazamento das informações de seus trabalhadores. A dinâmica pré-contratual também ganhou contornos que atingem a sociedade empresária, desde o recebimento de currículos contendo "inofensivos" dados pessoais e sensíveis do candidato, até o seu compartilhamento interno durante o processo seletivo e posterior armazenamento para futuras vagas.


Nesse cenário atual, deixa-se a cargo de diferentes julgadores o dever de apreciar demandas diversas, que interferem diretamente na dinâmica funcional de uma empresa, o que gera insegurança jurídica e pode, inclusive, inviabilizar negócios jurídicos.

 

A demora na estruturação da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e a aparente inércia no tocante ao exercício do Poder Normativo que lhe foi conferido pela LGPD, que atribui a esta a competência da edição de normas, regulamentos e procedimentos sobre proteção de informações pessoais, desembocam em relevante insegurança jurídica para os controladores e titulares de dados.

 

Inclusive, não podemos esquecer da interface entre os diferentes ramos do Direito que colocam a LGPD em posição de conflito com demais garantias processuais e constitucionais. A citar o caso do trabalhador que requereu que as publicações referentes à Ação Trabalhista, proposta face a sua ex-empregadora, indicassem apenas as iniciais do seu nome com intuito de preservar sua imagem a futuros empregadores. O direito pretendido neste caso entra em embate com a garantia de atos processuais públicos e limites àqueles que buscam se eximir de suas obrigações legais, como pagamento de pensão alimentícia, por meios aparentemente lícitos.


No contexto apresentado, o que se percebe é que o tratamento dos dados pessoais nas relações de emprego, em observância à LGPD, não se apresenta como tarefa fácil às empresas que, engatinhando no novo formato de gestão dessas informações, buscam no Judiciário uma atuação razoável e compatível com a garantia constitucional da segurança jurídica enquanto aguardam regulamentação uniforme por parte da ANPD e do Poder Legislativo.


Por fim, se torna imprescindível que a ANPD também priorize a edição de normas regulamentadoras e diretrizes norteadoras do entendimento desta Agência e que servirão de auxílio e alicerce para que o processo de adequação das empresas à LGPD não traga insegurança jurídica para os empreendimentos e se cumpra a finalidade a que se destinam, principalmente quanto aos reflexos gerados na relação de emprego.

 

*Murilo é especialista em Direito Digital e Ana Luísa é especialista em Direito do Trabalho. Ambos são da equipe da MoselloLima Advocacia

2021 - 2024. Mosello. Todos os direitos reservados.
Produzido por: Click Interativo - Agência Digital

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o nosso site e as páginas que visita. Tudo para tornar sua experiência a mais agradável possível. Para obter mais informações, consulte a nosso política de privacidade e nossa política de cookies. E para entender os tipos de cookies que utilizamos, clique em Opções. Ao clicar em Aceito, você consente com a utilização de cookies.

Aceito Opções

Definições

Queremos ser transparentes sobre os dados que nós e os nossos parceiros coletamos e como os utilizamos, para que você possa controlar melhor os seus dados pessoais. Para obter mais informações, consulte a nossa política de privacidade e nossa politíca de cookies.

O que são cookies?

Cookies são arquivos salvos em seu computador, tablet ou telefone quando você visita um site.

Usamos os cookies necessários para fazer o site funcionar da melhor forma possível e sempre aprimorar os nossos serviços.

Alguns cookies são classificados como necessários e permitem a funcionalidade central, como segurança, gerenciamento de rede e acessibilidade. Estes cookies podem ser coletados e armazenados assim que você inicia sua navegação ou quando usa algum recurso que os requer.

Gerenciar preferências de consentimento
Cookies de análise

Utilizamos softwares analíticos de terceiros para coletar informações estatísticas sobre os visitantes do nosso site. Esses plugins podem compartilhar o conteúdo que você fornece para terceiros. Recomendamos que você leia as políticas de privacidade deles.

Bloquear / Ativar
Google Analytics
Necessário
Cookies estritamente necessários

São aqueles que permitem a você navegar pelo site e usar recursos essenciais, como áreas seguras, por exemplo. Esses cookies não guardam quaisquer informações sobre você que possam ser usadas em ações de comunicação de produto ou serviço ou para lembrar as páginas navegadas no site.

Bloquear / Ativar
Site
Necessário